quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A Morte saiu à rua

(Em memória
de José Caravela e António Maria Casquinha,
mortos em Montemor-o-Novo pela Guarda)

Aqui
     
       nesta planície de sol suado
      dois homens desafiaram a morte, cara a cara,
      em defesa do seu gado
      de cornos e tetas.


Aqui

      onde agora vejo crescer uma seara
      de espigas pretas.

Quando os dois camponeses desceram às covas,
ante os punhos cerrados de todos nós,
chorei!

Sim, chorei
sentindo nos olhos a voz
do que há de mais profundo
nas raizes dos homens e das flores
a correrem-me em lágrimas na face.

Chorei pelos mortos e pelos matadores
- almas de frio fundo.

Digam-me lá:
para que serviria ser poeta
se não chorasse
publicamente diante do mundo?

                                                       José Gomes Ferreira



A morte saiu à rua em 27 de Setembro de 1979. A morte entrou pelos campos de Montemor-o-Novo. José Geraldo (Caravela) e António Maria Casquinha foram assassinados a tiro, procurando impedir que os agrários, apoiados pelo governo e pela GNR, roubassem uma manada de bovinos.

Até hoje, ninguém foi julgado por estes hediondos crimes.

Caravela e Casquinha morreram porque acreditavam no futuro, na Reforma Agrária.

Lutaram para que o seu Alentejo não fosse terra de horizontes fechados.



quinta-feira, 8 de setembro de 2011

NÃO HÁ FESTA COMO ESTA!

Pois é!
por muito que se omita, que se minta, não há Festa como esta. É a Festa do Avante!

Festa de encontros e reecontros de velhos e novos amigos.

Aqui encontramos cultura, ciência, boa gastronomia, excelente música, o teatro, as artes plásticas, a par com a solidariedade internacional e a amizade entre os povos.

Entrei na Atalaia por volta das 21,00H de sexta feira, já um pouco tarde, é verdade. E como a fome apertava, lá fui ao Pavilhão de Viseu. A vitela arouquesa estava muito boa, bem como o tinto de Penalva do Castelo. Degustei um pouco apressadamente, pois estava a começar a grande Gala de Ópera.
Este espetáculo ofereceu-nos uma combinação entre a ópera, canções populares e peças sinfónicas, umas mais conhecidas outras nem tanto.
Senti-me tocado pela emoção. Num momento orquestral da conhecida ópera Cavalaria Rusticana "Intermezzo", um dos mais emocionantes instrumentais da história da ópera. Para quem viu o filme "O Padrinho" recordar-se-á.

Um dos momentos mais emocionantes para mim: O Hino à Juventude de Joly Braga Santos. Lindo, muito lindo! Pergunto: porque desconhecemos os compositores portugueses? Aguardo respostas.



fotos pedro santairia